Historia de vida

A história está sempre se constituindo, o conhecimento que ela produz nunca é perfeito ou acabado. Para que tal movimento aconteça, a história não pode ser resumida no passado visto por si mesmo, com interesse limitado ou nulo, e sim como fundamentação do presente. A importância da história está relacionada com a compreensão de nossas raízes, com o conhecimento da nossa identidade e a prática sócio-política. Portanto, esse processo engloba a história de vida como marco inicial de buscar o real significado da História, escrita com letra maiúscula por assim denominar uma ciência humana e disciplina de cunho educacional. Os presentes textos foram produzidos por alunos da T3/2009 da EJA (Educação de Jovens e Adultos) com a finalidade de trabalhar a história de vida como elo importante na identificação do agente histórico.

Tatiana Pastorini






Eu nasci na granja bem perto de Pedro Osório, morava em rancho de barro com palha por cima. Tinha muito medo dos animais bravos que ficavam por perto do rancho, nós éramos nove irmãos. Minha irmã mais velha ficava cuidando dos menores enquanto minha mãe ajudava meu pai na lavoura cortando arroz.

Meus pais passaram muito trabalho para nos criar, mas graças a Deus, nunca passamos fome. Quando estávamos doente, minha mãe nos trazia no médico de charrete. Em 1972, meus pais vieram para Pedro Osório, aí nossa vida aos pouquinhos começou a melhorar. Meus irmãos já estavam maiores, podiam trabalhar.

Eu, minhas irmãs e a mãe também começamos a trabalhar. Comecei a estudar em 1972, estudei até a 4ª série e duas vezes tive que sair para trabalhar. Aos 18 anos casei e hoje graças a meu bom Deus tenho uma vida abençoada, um marido abençoado, um filho de 21 anos muito mais abençoado. Posso ajudar meus pais e sempre que alguém precisar de mim estou pronta a ajudar.

Elisabeth




Bom, meu nome é José Carlos estou fazendo 26 anos no dia 14/04. Sou casado a 8 anos, tenho 2 filhos. O menino se chama Lázaro e a menina se chama Kayanne.

Nasci e me criei em Pedro Osório, nessa terra tão sofrida por vários motivos. Principalmente na área da saúde e também por falta de empregos, faz mais de 8 anos que não estudo por achar que o estudo não era tudo que eu fosse precisar, mas me enganei. Nos dias de hoje se não tiver saúde e o estudo, não iremos muito adiante.

Trabalhei já em vários lugares como por exemplo nas cidades de Vacaria, Caxias, Bom Jesus e também na cidade de Piratini. Mas resolvi voltar porque não tive muita sorte nesses lugares por falta dos estudos, e hoje estou trabalhando em uma olaria para poder pagar o meu aluguel e poder sustentar minha família.

Voltei para a escola para poder recuperar o tempo perdido e melhorar a minha vida e a da minha família.

José Carlos





Bom, parei de estudar a 20 anos atrás. Meus pais moravam no interior e foram para a cidade trabalhar. Eu fui criada com meus avós no interior e eles não ligavam muito. Depois, o colégio era bem distante e não fui mais. Parei na 6ª série.

Me casei com 23 anos, hoje tenho 3 filhos, 1 menina com 13 anos, 1 menino com 7 anos e a menor com 3 anos. Resolvi voltar a estudar para ver se consigo um emprego melhor, porque hoje sei que sem estudo não se arruma nada.

Meus filhos são tudo o que tenho. amo demais eles. A menina de 3 anos nasceu com lábio leporino e fenda palatina, vou a São Paulo fazer suas cirurgias. Até agora foram feitas duas, mas ela tem muitas ainda para fazer. Mas apesar de tudo que já passei, tenho fé em Deus porque sem fé, eu tenho certeza que não teria aguentado tudo que já passei com ela. Eu a amo demaid.

Amo a todos eles, pois são eles que me dão forças para enfrentar a tudo e a todos.

Cristiane




Tudo começou quando nasci, minha mãe e meu pai felizes pelo meu nascimento. Com o passar dos meses e uns dois anos mais aconteceu uma coisa muito triste pra mim. O meu pai e a minha mãe brigaram e se separaram e o meu pai sempre quando saia vinha me buscar para sair com ele. Mas teve um dia que ele veio me buscar para sair com ele mas eu não quiz, eu chorava, gritava apavorado e não queria sair de jeito nenhum. Meu pai saiu sozinho e não voltou mais, ele trocou tiro com a polícia para ajudar um amigo dele e ele acertou um tiro no joelho do brigada e o brigada teve sorte de acertar um tiro no ouvido do meu pai e ele morreu por causa de um amigo.

Eu fui crescendo revoltado e descobri que o brigada morreu podre por causa da bala no joelho e eu fiquei mais feliz, mas mesmo assim fiquei com raiva, andava nas esquinas de Rio Grande com os meus amigos arrumando confusão. Quando eu saía sozinho tinha gangs que eu não me dava e quando me viam sozinho, eles, mais de vinte pessoas tentavam me quebrar todo ao meio. Pois, pela minha sorte, minha turma chegava na hora para me ajudar e acabava muito bem.

Eu fui criado no meio dos vagabundos e dos traficantes meus amigos, mas eu nunca assaltei, nunca matei e nunca usei drogas, mas era meio louco. Com o passar do tempo encontrei uma pessoa especial que fez a minha vida mudar completamente. Eu conheci a minha mulher que eu to a dois anos com ela e no meio desses dois anos nós tivemos um filho lindo maravilhoso. Hoje em dia eu vivo feliz com o meu filho e minha mulher que eu amo tanto.

É só isso por enquanto, espero ter feito uma História da minha vida muito legal.

Everton Luiz




Bom...vou falar um pouco sobre a minha história, da minha vida.

Eu nasci em Piratini. Vim de lá com oito anos para estudar e estudei até os doze anos, então parei para trabalhar.

Me casei com 21 anos e tive a minha querida filha com 27 anos. A minha filha venho para alegrar o nosso lar. Eu e meu esposo ficamos muito felizes com a chegada da nossa filha.

Eu tenho um irmão e uma irmã. A nossa família é muito unida e feliz.

Agora eu voltei a estudar. Eu quero chegar até lá. Eu gostaria de me formar e conseguir um bom emprego. Eu quero muitas coisas para a minha vida.

Tânia




Minha História Real

Eu me chamo Margarete. Nasci no dia 15 de janeiro de 1965, na cidade de Pedro Osório. Eu fui adotada quando tinha dois anos de idade e não tive nenhuma lembrança d aminha mãe biológica.

Cresci junto com mais duas irmãs e um irmão, todos também adotivos. Pois minha mãe de criação nunca pode ter filhos. Casei com 16 anos, aos 17 tive meu primeiro filho e aos 25 tive o segundo. Sempre tive vontade de conhecer minha mãe verdadeira, mas sempre me disseram que ela havia morrido. Quando eu já estava com 30 anos recebi uma carta contando-me que ela estava viva e que queria me conhecer, fui ao encontro dela. Emocionei-me muito. Pois conheci ela e meus sete irmãos que eu nem imaginava que tinha.

Hoje estou muito feliz, pois tenho minha família perto de mim e acima de tudo minha mãe de criação que para mim é muito valiosa com seus 93 anos de idade. Ainda se preocupa comigo, não dorme enquanto não chego. É muito bom tê-la por perto...

Margarete






Comentários

  1. Parabéns pela proposta Taty! E parabéns a cada um desses alunos que enriquecem a história de nossa escola.

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