Inclusão Digital

Inclusão digital

Paulo Fernando Furtado

Este século trouxe a revolução digital mudando o contexto histórico, social, cultural, econômico e educacional. Deste modo, o próprio conceito de ensino deveria sofrer transformações, para que as escolas se adequassem às novas tendências. No entanto, o sistema continua apegado a modelos tradicionais. Nesse cenário surgiram os laboratórios de informática, com o objetivo de garantir o acesso e o desenvolvimento de habilidades básicas. O ProInfo, criado pelo MEC, visa promover o uso nas escolas da Tecnologias de Informática e Comunicações (TICs) na rede pública de ensino.
Em uma das cláusulas, as prefeituras e direções de escola, entre outras cláusulas, se comprometem em: garantir a utilização dos equipamentos de Informática; a providenciar o funcionamento dos Laboratórios, gratuitamente, no contra-turno escolar. Dessa forma aumentam as horas de estudo, permitindo com que os alunos fiquem mais tempo na escola e que todos tenham chances iguais de acesso.

O domínio de ferramentas como: o editor de texto (broffice.org.whiter, similar ao Word) , os editores de desenho, de manipulação da imagem e fotografias(Gimp e Colorpaint); Manipulação de Planilhas eletrônicas. (broffice.org.Calc, similar ao Excel) Criação de slides; (broffice.org.draw e broffice.org. impress); a pesquisa, e os sistemas de arquivamento, criação e organização de pastas, HD, Pen drive, Tipos de Cds, DVDs.. Estes são apenas alguns dos pré-requisitos básicos para que o laboratório possa tornar-se um meio para o desenvolvimento de projetos educativos nas outras disciplina. Muitos projetos educacionais tornam-se inviáveis. Uma aula normal de 50 minutos, em que o professor tenha que ensinar informática, não sobra tempo para o objetivo específico daquela matéria. Além de projetos extraclasse, os alunos podem desenvolver pesquisas relativas às disciplinas regulares: Língua Portuguesas, Matemática, Geografia, Educação Artística, etc. Já que muitas vezes o tempo da aula não é suficiente. Os laboratórios de informática não foram criados com a intenção de substituir as aulas convencionais, mas para ampliar as possibilidades, com acréscimo de recursos e de horas de estudo.

Há muitos jogos educativos e programas educacionais. O manejo das novas formas de comunicação: email, fórum, blog, mensageiro instantâneo, chat, etc. As noções básicas sobre os principais equipamentos (hardwares) e programas (softwares) que formam um computador. A digitação, o manejo do teclado e do mouse. Ainda é preciso compreender o uso de equipamentos de informática como uma atividade de leitura e aprendizado permanente e conscientizar para a organização o uso coletivo das máquinas.

O uso do computador e a internet possuem instrumentos poderosíssimos para distribuir informações e na produção de conhecimento. O conhecimento se dá mais ao "classificar, selecionar, ordenar, comparar, avaliar, sintetizar, contextualizar". O que é mais relevante, do que no conteúdo em si. Todos os termos são verbos, representam habilidades a serem desenvolvidas. As aulas na Internet se alternam com as aulas habituais, acrescentamos textos, vídeos para aprofundar os temas pesquisados. No entanto, há facilidade de dispersão no emaranhado de possibilidades de navegação, deixando-se arrastar para áreas de interesse pessoal, a perder tempo com informações pouco significativas ou pouco confiáveis. Há impaciência de muitos alunos por mudar de endereço outro, o que os leva a aprofundar pouco as possibilidades. Os alunos se impressionam com as páginas mais bonitas, que exibem imagens, animações, sons, cinema, vídeo, música e futebol. Onde há muito texto, acham menos atraente visualmente e tendem a deixá-los em segundo plano. A falta de leitura acarreta, geralmente, a perda de informações de grande valor. Uma das dificuldades atuais é conciliar a extensão da informação, a variedade das fontes de acesso, com o aprofundamento da sua compreensão. O acesso às informações, aos fatos, dependerá cada vez menos do professor. As tecnologias podem trazer, hoje, dados, imagens, resumos de forma rápida e atraente. O papel do professor é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los.

O professor Moran, um dos maiores especialistas no assunto, da Universidade de São Paulo, em uma entrevista em 2005 descreve muito bem problemas da realidade, em diversos artigos e entrevistas. Ele aborda aquelas questões que prejudicam o uso produtivo do laboratório de informática: em primeiro lugar, os alunos “Estão acostumados a receber tudo pronto do professor, e esperam que ele continue "dando aula", como sinônimo de ele falar e os alunos escutarem. O novo sistema requer uma postura mais ativa, tendo o professor como orientador. Outro aspecto seria o espaço e o tempo de limite da aula, que tornam-se um problema, toda a vez que se faz uma atividade diferente: teatro, jornal, filme, programa auditivo, o dito "conteúdo" fica prejudicado, pois parece que estamos perdendo tempo”. O tempo de aula convencional dificulta a possibilidade real de todos realizarem práticas individuais, com projetos coletivos, nos quais possa haver uma continuidade. Os alunos de menos habilidades, que justamente os que não dispõe destes equipamentos em casa, ficariam apenas como coadjuvantes, em trabalhos em grupo, pois há outros que dominam bem estas ferramentas e realizariam as tarefas. Muitos professores não querem trabalhar sozinhos na sala. Há turmas numerosas, fica barulhento, não há computador para todos. É preciso silêncio, pois ler na tela é muito mais cansativo que num livro.

De acordo com o professor Moran: “ O professor continua dando aula quando está disponível para receber e responder mensagens dos alunos, quando cria uma listas de discussões e alimenta continuamente os alunos com textos, páginas de internet, fora do horário específico da sua aula. ”. Entretanto, adequar-se às novas tendências implica numa mudança na mentalidade e na estrutura do sistema escolar. O processo educativo não se reduz à sala de aula, entre quatro paredes, mas ao professor cabe pesquisar, elaborar aulas, provas, novas propostas de trabalho, ler e reler textos produzidos pelos alunos, receber telefonemas, e-mails, responder dúvidas, acompanhar o aluno à biblioteca, ou ao computador, para conduzir uma pesquisa. O professor tem muito o que coordenar: se foi copiado o trecho adequado, que faça uma síntese, reconhecer e comparar as fontes, que nem sempre são confiáveis, e se houve uma leitura, comparação, referência. Após ler vários textos de fontes e enfoques diferentes, os alunos deveriam fazer a própria síntese, formar uma visão geral, para emitir juízos de valor, fazer uma reflexão e produzir escrita.

O trabalho em equipe é uma condição importante em termos profissionais em qualquer época e lugar. A cooperação possui conceitos básicos, como "responsabilidade individual", mas alguns ficam passivos e esperam pelos outros; A "Interdependência positiva", que visa o sucesso de todos, mas alguns se entregam a competição e a rivalidade; Desenvolvimento da habilidade para analisar a dinâmica de um grupo e trabalhar com problemas, fazer avaliação e gerenciar o próprio grupo, lidar com suas deficiências. Segundo Piaget “há uma lógica no erro”, é a partir dele que vamos reformular nossas hipótese e aprender, mas normalmente os problemas são vistos como obstáculos e os erros como incapacidades, respondidos com deboche e críticas destrutivas. Portanto, acredito que deveria haver uma maior articulação entre as diferentes áreas. A interdisciplinaridade é um conceito antigo e até hoje não foi colocada em prática de maneira efetiva. Por isso a criação do blog gvmcatavento é uma grande iniciativa, pois reúne professores de diferentes áreas tentando envolver toda a comunidade escolar.

A educação do futuro certamente começa assim. A partir disso muito pode ser realizado. As disciplinas precisam uma maior articulação, com as atividades envolvendo a internet e outras tecnologias, com projetos educacionais, com objetivos coletivos, nos quais a êxito de cada um representa a vitória de todos. Em conjunto poderemos criar "contos interativos", RPG, bancos permanentes de dados, fotos, trabalhos, filmes, documentários, jornais, revistas, histórias em quadrinho, reportagens, etc. Isso só depende de uma maior articulação entre o conjunto dos professores e dos alunos. Assim estaremos promovendo o surgimento, e a inserção definitiva do Getúlio Vargas Municipal na sociedade virtual, ocupando e construindo o seu espaço.

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